terça-feira, novembro 09, 2004

Valeu a pena

Valeu a pena. Gostaria de começar assim, antes de outros comentários. Porque a oportunidade no TIM Festival trouxe um crescimento enorme pra gente - e creio que aqui entra também a percepção do DigitalDubs. Pra fazer jus ao grande evento, trabalhamos duro, chegamos junto e fizemos bonito. O público, da mesma maneira, estava de gala, uma vibe muito boa.

Uma pena, porém, que as condições técnicas não permitiram que a festa fosse ainda mais bacana. Pelo que soube depois, já que no palco não se tem noção do que rola lá fora, é que, no caso do Bumba Beat, em boa parte do set os microfones não funcionaram, não se ouviam as vozes, ou o trombone, ou a percussão...

A Dueto Produções, responsável pelo TIM, alega ter um contrato com o Jockey determinando que os shows não devem avançar além das 6h. Infelizmente, pagamos pelo atraso geral de uma série de shows que começou - ou deveria ter começado, não sei - às 21h30 (Picassos Falsos, PJ Harvey, Primal Scream). Assim, as pessoas que chegaram pra assistir à balada da 1h, só puderam entrar às 3h ou mais! Consta também - está ganhando linguagem de boletim - que a tropa de segurança varreu a galera assim que acenderam as luzes... O tipo da coisa que deixa qualquer um indignado.

Faço questão de registrar tudo isso aqui, porque o mico foi grande, revoltou muita gente. Mas, conforme disse no começo, valeu a pena. Eu também ficaria muito mais satisfeito em poder passar o som antes (como deve ser e como os gringos do festival fizeram) e tocar mais cedo, num espaço menor e mais "quente", se possível ao rés do chão, perto do público, com tudo funcionando. E adoraria ter tocado o set até o fim - "Bumba meu Dub", a música que fizemos com o Zeca Baleiro, por exemplo, continua inédita...

O tipo de projeção que o festival nos deu é boa, as reportagens foram positivas, trataram de toda a cena em muitas oportunidades. Acho que todo mundo sai ganhando. Estou solidário com os que saíram insatisfeitos, chateado com os atrapalhos técnicos de um festival desse porte, mas não tenho como esconder minha alegria pela oportunidade.

Aproveito pra agradecer a todos que participaram diretamente de nossa festa. Celso Borges (o dub poet brasileiro), Bidu Cordeiro (trombones do além), Luiz Cláudio Farias (percussão dos terreiros e templos), Buguinha (live dub cósmico e PA sideral), Paulo César Soares (delírios e cenas no telão), Bruno Lancellotti (DJ, imprensa, produção etc. etc.), Kamille Viola (imprensa, Rio), Maria Cláudia Baima (produção e workshop de paciência), Daniela Rodrigues (cenografia, figurino, luz, carinho), Marcelo “Cabrera” Bragatto (cenografia e cervejinha), Caroline Bittencourt (fotógrafa oficial do BB), Tadeu Banzatto (design do blog e outras alegrias), Aden Santos e Daniel Lanchinho (masterização das bases), Zeca Baleiro e Paulo Lepetit (vozes do Zeca), Simone Soul (instrumentos de primeira), Nelson Meirelles e o combo do DigitalDubs (ensinanças e amizade pra toda vida), Ricardo Martins e Antônio Carlos Castro (scanners e entusiasmo a qualquer momento), Hermano Vianna (a antena mais ligada do Brasil), os manos e minas do dubbrasil (a lista quente do dub brasileiro) e todos que, de um jeito ou de outro, estavam nessa com a gente. Obrigado a todos, love...

quarta-feira, novembro 03, 2004

A noite jamaicana do TIM Festival

Dia 6 de novembro, no palco Motomix, STONE LOVE (Kingston)
e os brasileiros BUMBA BEAT e DIGITAL DUBS representam
a cultura dos sound systems jamaicanos

O interesse no Brasil pela música jamaicana é crescente. Além do reggae, o estilo mais conhecido por aqui (embora não em todas as suas variações), o ska, o rock steady, o dub e outras vertentes dos sons da Jamaica – inclusive os ecos na música eletrônica internacional – têm conquistado cada vez mais espaço. Prova disso é a escalação de dois expoentes nacionais do gênero para a noite de 6 de novembro no TIM Festival, ao lado de um artista consagrado da própria ilha. O rapper niteroiense De Leve faz a ponte entre o rap e o ragga.O Bumba Beat é herdeiro e continuador de vários outros projetos ligados à música e à cultura Brasil-Jamaica. Suas origens estão no final dos anos 70, quando Doc Reggae (Otávio Rodrigues) começou suas atividades como jornalista, radialista e DJ. No TIM Festival, ele toca suas próprias produções, que incluem versões de clássicos da música jamaicana, além de composições inéditas, que misturam reggae e derivados com bumba-meu-boi, tambor de crioula, samba e outros batuques brasileiros e afro-caribenhos. Doc Reggae (bases, voz, percussão) divide o palco com um timaço que inclui percussão, trombone e dub poetry - que é o som à moda dos mestres Linton Kwesi Johnson e Mutabaruka, que declamam sobre as bases.

Estão no combo do Bumba Beat Luiz Cláudio Farias, percussionista paraense radicado desde os anos 70 no Maranhão, presença nos trabalhos de Nelson Ayres, Zeca Baleiro, Ceumar, Naná Vasconcellos, Rita Ribeiro e longa lista; Bidu Cordeiro, carioca, trombonista dos Paralamas e Reggae B; Celso Borges, poeta maranhense, abrindo o verbo; Buguinha, dubmaster pernambucano, engenheiro dos Racionais, Nação Zumbi e Arto Lindsay, entr'outros, que cuidará do PA e live dub; e Zeca Baleiro, que gravou suas vozes em estúdio especialmente para esta apresentação.

O Digitaldubs Sound System é uma equipe de som especializada no dub e no reggae em todas as suas possibilidades. Seu estilo é uma mistura que vai dos tradicionais Lee Perry e King Tubby até os eletrônicos Zion Train e Bill Laswell. O crew, formado pelos selectors Nelson Meirelles (baixista, ex-O Rappa, ex-Cidade Negra), MPC, Cristiano Dubmaster e Kuke, lança mão de um arsenal cuidadosamente garimpado, com versões alternativas para clássicos do reggae, jóias desconhecidas do gênero, grooves tradicionais e temperos eletrônicos que incluem ragga, jungle, downtempo e afins. Na apresentação no TIM, o Digital vai tocar apenas criações próprias, com Nelson atacando no baixo em algumas delas, além das participações especiais dos MCs Lápide e Biguli, e do percussionista Junior Ramos, que também vai tocar escaleta em uma música.

Criado em 1972, o Stone Love Sound System é um dos mais respeitados sound systems jamaicanos. A idéia partiu de Winston “WeePow” Powell. Desde então, desenhou som e atitude que esquentam a chapa na Jamaica, criando e propagando tendências em bailes que ganharam até mesmo o patrocínio da cervejaria irlandesa Guinness. Além de WeePow , outros selectors integram o Stone Love, como Rory, G-Fuzz, Jet Lee, Bill Cosby, Billy Slaugther e Nico. São eles que mostrarão ao TIM Festival como rola o bailão com a pegada jamaicana: reggae, dancehall, ragga e, às vezes, popozões balançando.

segunda-feira, novembro 01, 2004

Chegou a hora

Semana passada assisti a uma das duas apresentações do DigitalDubs no Circo Voador, abrindo para os Paralamas. Tudo muito bom! O combo trouxe bases novas, live PA com baixo e percussão e, claro, um cofo de efeitos especiais. Circo lotado, as caixas bumbando forte, muita empatia entre o público e os DJs (que é como se chamam os MCs ou rappers na Jamaica e no universo dos sound systems). Dubmaster, Biguli e Lápide soltaram o verbo. Aqui e ali, Nelson Meirelles, guru do Cidade Negra e O Rappa, mandava linhas de baixo. O cientista da turma, MPC, que também está na confraria do F.U.R.T.O., reinventava as bases ao vivo. Ou seja, podem esperar o melhor pra noite dos sound systems no TIM. Chegou a hora e essa gente bronzeada vai mostrar seu valor! Os horários estão assim combinados:

1h De Leve
2h Stone Love
3h Digital Dubs
4h Bumba Beat